Jornalista Ticiano Duarte. |
Em publicação no Jornal Tribuna do
Norte, o jornalista Ticiano Duarte, em sua coluna fala sobre o novo livro do
macaibense Valério Mesquita, intitulado “A paisagem e o tempo”, o 13º de sua
autoria, que tem previsão de lançamento para a primeira quinzena de novembro. deste ano. Leia na íntegra esse carinho realizado pelo jornalista ao presidente
do Tribunal de Contas do Estado e ex-prefeito de Macaíba:..
"A paisagem e o tempo", a
13ª produção de Valério Alfredo Mesquita é mais um livro do coração, para
repetir Edgar Barbosa sobre a obra de Nilo Pereira resgatando o Ceará Mirim de
sua infância, imagens "tão libertas do cerimonial dos prólogos".
O autor é um eterno apaixonado pela sua terra e seus habitantes, descrevendo-a num estilo poético, relembrando o tempo silencioso de sua Macaíba com a sua vida mansa, no estilo do grande Edgar Barbosa, "as humildes criaturas, as casas e as árvores, tudo quanto jamais se fixou em coreografia esboçada pela mão dos transeuntes... vivo e ressurgido no mais humano dos depoimentos sentimentais".
Valério Mesquita. |
Quem conhece Valério Alfredo Mesquita descobre que há na profundeza de sua alma sempre um apelo à solidariedade humana, que o poeta cantou como no fundo de todas as auroras antecedentes, com o puro perfil, "entre palmeiras rajado de alvoradas". O sabor proustiano de suas crônicas o elege minerador das palavras, às vezes no estilo do saudoso Rubem Braga, "a ruminar matéria de roça na cidade sob a teia de insuspeitos sentidos e sonoridade".
Nas crônicas de Valério Mesquita, publicada na imprensa local, aqui enfeixadas, ele evoca com muita força a infância ao descrever perfis e prestar testemunho dum tempo que ainda está vivo na sua memória rica de lembranças e criações.
A força evocativa do autor não tem medidas. Flui espontaneamente, "a poesia escondida pelo homem na floresta do cotidiano", citando novamente o grande estilista que foi Edgar Barbosa, referindo-se ao seu irmão de sonho, Nilo Pereira.
Vi Valério Mesquita menino, correndo descuidadamente no grande alpendre da fazenda do seu pai Alfredo Mesquita, no distrito de Traíras, quando tudo era fervor e claridade, radioso, como o poeta Ledo Ivo evocou, num tempo em que, "as nuvens são os degraus para outras terras".
Há um poema do poeta alagoano, hoje do país inteiro, "A passagem do menino", no qual ele se oferece como o faço agora, para conduzir Valério aos caminhos dos domingos, "onde o tempo é redondo, voz e flor espreitam tua sombra...".
Mergulho na leitura deste excelente "A paisagem e o tempo", para reencontrar personagens queridos da cidade que foi berço dos meus ancestrais, que são os mesmos do autor. Sonhando me divido entre a casa do meu pai e da minha avó. Nas férias em Macaíba, na companhia dos meus primos sonho continuadamente, contemplando o grande açude, o tirar do leite ao pé da vaca, nas manhãs bem claras do mês de junho, o cheiro das plantações do homem, "suor esparso em mandiocal... um pássaro na gamela onde todos comem".
O menino não esquece o seu melhor tempo, infância que não volta, sempre matinal, como disse Valério numa das suas crônicas, "O céu azul era o mesmo da minha infância", ao descrever uma manhã em Macaíba, tingida de sangue pela violência.
Busco novamente o poeta para saudar Valério Mesquita com sua paisagem e o seu tempo: "Teu dever é este: lembrar, sendo antigo, amar, sendo humano, morrer sendo vivo. E cantar o mundo com uma linguagem que é comum tesouro de todos os homens".
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